PIRANHAS VERMELHAS
As piranhas vermelhas da Amazônia, cientificamente conhecidas como Pygocentrus nattereri, são uma das espécies mais famosas e, muitas vezes, incompreendidas de peixes de água doce da América do Sul. Elas são icônicas por sua reputação de serem vorazes e por seus dentes afiados, embora a realidade de seu comportamento seja mais complexa do que os mitos populares.
Características Principais
Aparência
Possuem um corpo romboide (em forma de losango) e comprimido lateralmente, com um focinho curto e arredondado e uma mandíbula saliente. Sua coloração é cinza-prateada no dorso e distintamente avermelhada no ventre e na região inferior da cabeça, especialmente em adultos. As nadadeiras peitorais, ventrais e anal também costumam ser alaranjadas.
Tamanho
Podem atingir cerca de 30 a 33 cm de comprimento, com alguns registros de até 45 cm, e pesar até 3,5 kg.
Dentição
Têm dentes triangulares, muito afiados e dispostos em uma única fileira, que se encaixam perfeitamente quando a boca é fechada, permitindo-lhes cortar e rasgar a carne eficientemente. Curiosamente, elas perdem e substituem fileiras inteiras de dentes ao longo da vida
Adaptações
Possuem um olfato aguçado, sendo capazes de detectar pequenas quantidades de sangue na água. Habitat e Distribuição
Habitat
A piranha vermelha habita rios, lagos e lagoas de águas barrentas, calmas e com muita vegetação submersa, preferindo as margens dos rios onde há mais abrigos
Distribuição Geográfica
Sua espécie é amplamente distribuída em diversas bacias hidrográficas da América do Sul, incluindo as Bacias Amazônica, Araguaia-Tocantins, do Prata, São Francisco e açudes do Nordeste brasileiro (onde foram introduzidas).
Comportamento e Dieta
Comportamento Social
Geralmente vivem em cardumes, que podem variar de pequenos grupos a mais de 100 indivíduos. Essa formação em cardume serve tanto para a caça quanto para a defesa contra predadores maiores.
Dieta
Apesar da fama de predadores implacáveis, as piranhas vermelhas são onívoras com tendências carnívoras. Sua dieta principal consiste em:
- Peixes: São seus alimentos favoritos, especialmente peixes menores ou já debilitados.
- Invertebrados aquáticos: Insetos, moluscos e crustáceos.
- Vegetais: Podem consumir frutas, sementes, algas e plantas aquáticas.
- Carniça: São oportunistas e se alimentam de carcaças de animais que encontram na água.
Ataques a humanos
Os ataques a humanos são raros e geralmente ocorrem sob condições específicas, como:
- Presença de sangue na água: Atrai as piranhas devido ao seu olfato apurado.
- Época de reprodução: Os machos ficam mais agressivos na defesa de seus ninhos e filhotes.
- Águas rasas ou com pouca comida: Em períodos de seca, quando a comida é escassa ou o nível da água é baixo, elas podem ficar mais agressivas.
- Movimentação brusca ou espanto: Salpicos na água podem ser interpretados como um sinal de presa ferida.
- Casos de pessoas devoradas por piranhas são extremamente raros e geralmente envolvem indivíduos que já estavam mortos ou gravemente feridos na água.
Reprodução
Período de Reprodução
A reprodução ocorre geralmente durante a estação chuvosa (entre abril e maio).
Construção do Ninho e Desova
O macho constrói um ninho na vegetação submersa, onde a fêmea deposita cerca de 5.000 ovos.
Proteção dos Ovos pelo Macho
O macho é bastante protetor do ninho e dos ovos após a desova.
Curiosidades
Sons
Piranhas podem emitir sons, inclusive um parecido com latido, especialmente quando estão em disputa por comida ou se sentem ameaçadas.
Papel Ecológico
São importantes para o ecossistema aquático, atuando como "faxineiras" ao remover carcaças e controlar populações de peixes doentes ou mais fracos, ajudando a manter o equilíbrio.
Uso Indígena
Algumas tribos indígenas da Amazônia utilizavam os dentes afiados da piranha para diversos fins, como cortar e raspar alimentos ou até mesmo como ferramentas.
Caldo de piranha
Em algumas regiões, a carne da piranha é apreciada e utilizada no preparo do famoso "caldo de piranha", considerado por muitos como afrodisíaco. A fama das piranhas, muitas vezes exagerada pelo cinema e pela ficção, não reflete a realidade de seu comportamento na natureza. Elas são animais fascinantes e vitais para o ecossistema amazônico.
